Você já deve ter ouvido falar sobre a regra de mercado de oferta e procura, não é mesmo? Apesar de ser válido e aplicado em diversos setores, no mercado de carros seminovos, esse não é o único fator que influencia nas negociações de compra e venda de automóveis.
O brasileiro é um dos povos que mais cuidam dos seus companheiros de quatro rodas, e, por ser um bem considerado uma paixão nacional, muitas vezes, quando chega a hora de passá-lo para frente, os proprietários de seminovos acabam levando um susto ao receber as propostas de compra. Afinal, é difícil separar o fator emocional e aceitar que todo carro acaba sofrendo uma desvalorização com o tempo, independentemente do estado de conservação do veículo.
E é exatamente para equilibrar as expectativas dos proprietários dos veículos e as ofertas de revendedoras que existe a tabela FIPE. Com certeza, você já deve ter ouvido falar sobre ela, já que, em muitos anúncios, é usada para atrair os clientes. Mas você sabe, realmente, o que é e qual a importância da tabela FIPE no mercado de compra e venda de carros? Acompanhe o post de hoje e tire todas as suas dúvidas.
O que é a tabela FIPE?
É comum ouvir por aí que “a tabela FIPE é uma forma de enganar os consumidores, convencendo-os a vender seus seminovos por um preço abaixo do que seria o justo”, quando, na verdade, a ideia da ferramenta é exatamente o oposto disso.
Para esclarecer esse, que é um dos maiores mitos que envolvem o mercado de carros seminovos, vamos à real explicação sobre a tabela: ela é, na verdade, um compilado de dados disponibilizados mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), e serve como referência para preços médios dos veículos no mercado nacional.
Ou seja, a tabela FIPE é uma pesquisa realizada mensalmente, assim como outras que medem inflação, juros e por aí vai. A cada dia primeiro o valor da FIPE do seu carro pode baixar ou subir. Em geral, de mês a mês a FIPE do seu veículo tende a diminuir.
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Como são feitos os cálculos para chegar aos valores da tabela FIPE?
Para chegar ao preço de mercado de um modelo de carro, o Instituto analisa os registros de negociações dos veículos nos 24 estados do país, excluindo as transações com valores muito acima ou abaixo da média – já que elas podem representar negociações fora do padrão, como aquelas feitas entre pai para filho, etc. Sempre são considerados os valores da venda efetivada, o valor final da negociação, nunca do valor anunciado.
As análises são feitas levando em consideração a marca, modelo e ano do carro – e, aqui, é importante lembrar que o ano do modelo se sobrepõe ao de fabricação, o que explica o porquê um carro fabricado, por exemplo, em 2016, modelo 2017, tem um valor de revenda maior em relação a outro com data de fabricação e modelo de 2016.
Aplicação da tabela FIPE no mercado de seminovos
Apesar de a tabela servir como um parâmetro de mercado, não existe nenhuma lei que obrigue as transações de compra e venda a seguirem rigorosamente os valores indicados pela FIPE. Até porque, o preço de venda também é composto por variáveis que a própria tabela FIPE não abrange no valor sugerido, como os acessórios do veículo, estado de conservação, quilometragem rodada, aspectos locais, como onde o veículo está sendo comercializado, etc.
Outra questão é com quem você está negociando. Em uma negociação com o seu vizinho é muito comum fazer troca com FIPE x FIPE. Já ao negociar com uma revenda ou concessionária essa realidade provavelmente mudará, pois existem outros critérios envolvidos, que explicamos aqui neste texto.
Claro, em vários casos são oferecidas condições onde o “pagamos a tabela FIPE” é explorada nos anúncios de revendas que querem atrair clientes, oferecendo-lhes o valor cheio sugerido pelo Instituto. Em geral essas ações são promocionais e pontuais.
A tabela FIPE também é adotada no cálculo do IPVA, pelas seguradoras de veículos e na maioria dos financiamentos de veículos. Para chegar à quantia do imposto cobrado pelo bem, a base de cálculo utiliza a média do valor de cada carro. Por isso, quando a inflação está alta, é comum que o veículo tenha seu preço alterado, o que aumenta o custo do IPVA de forma proporcional.
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No caso das seguradoras, existe outro fator que influencia no cálculo final: a variação entre as médias regionais dos carros. Por isso, muitas delas calculam o valor segurado como uma porcentagem da tabela, negociando o seguro sobre até 115% do valor sugerido na FIPE em caso de perda total.
No caso de financiamentos, os bancos costumam usar o valor da FIPE como parâmetro para liberar crédito. Isso quer dizer que uma antiga técnica, que já foi muito comum, de ‘simular’ uma entrada no carro, alegando que ele havia sido vendido por valor X e não Y, não funciona mais.
Como utilizar a tabela FIPE a seu favor?
Na hora da negociação de um carro, a tabela FIPE pode ser um fator de discussão entre as pessoas interessadas na venda e na compra. Isso porque, quem faz uma oferta quer tentar negociar por um valor abaixo da tabela, já quem está vendendo deseja que o veículo seja valorizado, uma vez que houve investimentos em manutenção, acessórios e personalização do carro.
A ideia, no entanto, assim como em qualquer outra transação, é encontrar o meio termo para que ambas as partes saiam satisfeitas com a negociação. Por isso, ao decidir passar o seu carro para frente, esteja ciente do valor sugerido e use a tabela FIPE como uma referência para a negociação, levando todos os fatores em consideração para chegar a um acordo com o interessado.
Onde consultar a tabela FIPE?
O acesso a tabela FIPE é aberto a todos e grátis. O site oficial pode ser acessado clicando neste link.
Além do site da FIPE, existem outros sites que trazem médias de preços. Mas os dados usados por bancos, lojas e seguradoras são apenas os fornecidos pelo Instituto FIPE, disponíveis no site oficial.
Bônus: carros que costumam valer mais que a FIPE
Existem algumas regras para saber se um carro pode ser barganhado acima da FIPE! Em geral, veículos com até 5 anos de uso e com quilometragem inferior a 10.000 rodados por ano, de único dono e com revisões feitas na concessionária podem valer mais do que a FIPE indica.
Além disso, modelos como Corolla, Honda Civic, Honda FIT e Gol (completo), com quilometragem de até 15.000 rodados por ano e em bom estado de conservação, também podem render negociações acima da FIPE. Por outro lado, carros com mais de 100.000 quilômetros, importados ou que tiveram empresas como donos, podem sofrer bastante no mercado e serem comercializados abaixo da tabela com facilidade.
Mas lembre-se: não existe uma regra, um preço geralmente é fruto de vários fatores e a FIPE é apenas um deles.
E então, ficou com alguma dúvida sobre como funciona a tabela FIPE e como aplicá-la nas negociações com o seu veículo? Escreva pra gente pelos comentários e até a próxima.
